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Nome: Rhyll de Teliga
Idade: 29
(Tecnicamente 30, mas acredito que este ano não deva contar!)
Nacionalidade: Australiana

IG: @rhylldeteliga

Primeira Viagem

Quando eu tinha 18 anos, decidi tirar um ano sabático antes do início da universidade e parti para uma viagem a solo de quatro meses pela Europa.
Não fazia ideia o que esperar, seria uma aventura. Mas sem dúvida alguma teve um impacto duradouro em mim e despertou o lado aventureiro e viajante dentro de mim! Mais tarde resolvi fazer um intercâmbio universitário na Inglaterra, o que realmente consolidou o meu amor por viagens.

Tipo de acomodação

Depende do tipo de viagem que estou a fazer. Mas quer seja de mochila às costas ou uma escapadinha mais relaxada, planeio sempre com um orçamento limitado.
Sempre que viajo de mochila, uso uma combinação de hostels e couchsurfing. Nos países mais baratos, escolho hostels pela flexibilidade. Quando visito locais mais caros, recorro a couchsurfing, uma maneira incrível de conhecer locais e economizar algum dinheiro.

Qual é o teu tipo de viagem favorita? E como preferes viajar?

Eu tenho duas formas favoritas de viajar – mochileira de hostel em hostel e eu e a minha Van pela estrada, conduzindo de um lugar bonito para outro.
Ambos tem os seus prós e contras e são bastante diferentes um do outro, mas igualmente recompensadores.
Nunca fui alguém que procura luxo enquanto viajo, não gosto de fazer compras ou de hotéis chiques. Adoro o espontâneo, o verdadeiro, a aventura e o desconhecido de viajar.
Acho que estes são os dois estilos que se adaptam melhor à minha personalidade e me permitem ter a liberdade que desejo quando eu viajo.

Gostas de planear antes de viajar ou preferes ir ao sabor da corrente?

Antes eu planeava tudo! Quando fiquei realmente empolgada com a minha primeira viagem, planeei tudo durante meses, para ter a certeza que nada falhava.
No entanto, agora, eu tenho uma ideia de alguns dos principais lugares que eu quero visitar e depois deixo espaço para muita flexibilidade. Enquanto mochileira, já sei que os planos mudam sempre, quer por vontade própria ou simplesmente pelo que acontece sem estarmos à espera.
Eu acho que ter um equilíbrio é bom, para não perdermos algumas das experiências incríveis em um destino. Não estar preparado ou não fazer pesquisas suficientes, pode ser negativo, mas ser muito rígido em relação aos planos significa que também é possível perder algumas das coisas boas que podem acontecer quando permitimos flexibilidade!

Como mulher e viajante a solo, tens medo?

É a pergunta que mais me fazem! A resposta curta é não. Penso que a ideia é muitas vezes mais assustadora do que o ato real de fazer.
Eu estava com medo antes de deixar a Austrália para trabalhar no Canadá, estava com medo antes de conduzir para os EUA sozinha e estava com medo antes de embarcar em uma viagem de mochila às costas pelas Américas do Sul e Central.
Mas assim que comecei essas aventuras, adorei cada minuto. Mesmo com barreiras linguísticas, lugares e desafios desconhecidos, as minhas experiências a viajar sozinha foram muito positivas e fortalecedoras.

Já te sentiste em perigo em alguma das tuas viagens?

A única vez que me lembro de me sentir insegura foi quando deixei um bar na Cidade do México já tarde. Tinha me encontrado com um grupo de amigos para assistir a uma luta livre e depois fomos beber uns copos.
No momento em que todos saímos do bar, era pelo menos uma da manhã e embora eu normalmente seja cautelosa e evite situações de risco, nessa noite acabei a arriscar um pouco e o caminho para onde estava hospedada passava por áreas problemáticas.
Felizmente, correu tudo bem e acho que devo esse resultado a um ato aleatório de bondade. Enquanto eu caminhava, fui abordada por um homem que me perguntou se eu estava perdida, eu disse que não e que estava a regressar para o meu hostel.
Ele disse que não era uma área segura para eu andar sozinha e insistiu em levar-me de volta ao meu alojamento.
Estava muito receosa, porque de madrugada numa cidade estranha, qualquer pessoa parece um pouco assustadora. Mas conversamos, e no final da caminhada fiquei feliz por ele me ter acompanhado. Voltei em segurança para o hostel e até hoje, sou grata por esse ato de bondade. Uma má experiência que tive a sorte que se tornasse boa.


Acreditas que existe diferença entre viajantes individuais entre mulher ou homem? É mais ou menos fácil? Mais ou menos perigoso?

Eu diria que realmente depende do país que escolhemos. É claro que há alguns países em que ser mulher torna tudo mais difícil devido a crenças culturais ou religiosas.
Na minha experiência, definitivamente recebi muita atenção indesejada nos países latino-americanos por parte de homens, sendo loira e obviamente uma turista, destacava-me, mesmo sem querer.
Mas com o tempo aprendi a lidar melhor com este tipo de situações. Depois de conversar com outros viajantes do sexo masculino, aprendi que eles nunca tiveram este tipo de atenção, então acho que nesses países em particular, é apenas uma barreira cultural com a qual uma mulher tem de lidar.

Porque começaste a viajar sozinha? O que te inspirou?

Comecei a viajar sozinha quando me mudei para o Canadá com um visto de trabalho. Estando na América do Norte, de repente estava tão perto de todos os lugares lindos. O resto do mundo estava apenas a uma passagem barata de avião.
Na Austrália não tinha tantas opções de viagem e todos os países que eu realmente estava interessada em visitar, ficavam a milhares de quilómetros de distância e eram demasiado caros.
Com esta oportunidade realmente percebi o quanto eu amava a vida quando eu explorava um território desconhecido, quando eu subia uma montanha, quando percorria uma estrada deserta ou quando festejava em um albergue com pessoas que eu apenas tinha conhecido naquela manhã.

Como escolhes o teu próximo destino?

Normalmente, escolho um destino baseado na minha curiosidade, possibilidade geográfica e monetária.
Quando me mudei para o Canadá, explorei muito por lá e pela América. Então, devido à acessibilidade e proximidade do México e da América Central, comecei a ramificar-me para esses países. Também consegui visitar a Europa, então eu só tento ir onde realmente seja possível no momento e geralmente não planeio muito à frente!

Qual foi a tua melhor viagem, porquê?

É uma pergunta difícil e acho que não posso dar uma resposta concreta, porque adorei todos os países que tive o prazer de visitar!
Posso antes fazer uma lista, O Canadá, que agora é uma casa para mim, os Estados Unidos, a América Latina, a Europa.
Eu diria que a nível pessoal, a América, o Canadá, o México e a América Central tiveram o maior impacto sobre mim e entre esses países, é onde eu passo a maior parte do tempo e sinto um profundo amor por esses destinos.

Qual foi a tua pior viagem, porquê?

Quando visitei Roma, como parte da minha primeira viagem de mochila aos dezoito anos. Estava a visitar o Coliseu e cometi o erro de poisar a minha máquina fotográfica na bilheteira para retirar a minha carteira da mala.
Quando me levantei tinha desaparecido juntamente com dois meses e meio de fotos no cartão SD. Naquela altura, não havia nuvem para fazer o backup das fotos. Em trinta segundos, perdi tudo.. Fiquei com o coração partido, com tanta raiva e achei muito difícil divertir-me no resto da viagem. Actualmente tenho muito mais cuidado!

Qual a tua melhor história, um momento ou alguém que te tivesse marcado durante uma viagem?

Precisaria de páginas para contar tudo o que de melhor já vivi em viagem. Mas alguém que teve o maior impacto na minha vida enquanto viajava foi o meu actual parceiro. Conheci-o em um hostel no Canadá há quatro anos e ele faz parte da minha vida, desde então.
Somos de países diferentes e tivemos algumas das melhores aventuras juntos. Ele está sempre disposto a fazer uma excursão, uma caminhada pelo campo ou qualquer aventura que eu proponha.
Neste momento, ele está no Canadá e eu estou na Austrália desde que o Covid-19 apareceu sem ser convidado.
Nunca esquecerei também de viajar para o meu primeiro país na América Latina. Estava a visitar a Colômbia durante um mês e tinha sido uma decisão de última hora. Comprei uma passagem de avião sem fazer nenhuma pesquisa e basicamente acabei a desembarcar em Cartagena sem um plano e sem conhecer ninguém.
Organizei uma viagem à praia através do hostel em que estava hospedada e conversei com um rapaz da Alemanha e uma rapariga de Inglaterra. Estávamos os três a viajar sozinhos na Colômbia e acabados de chegar. Passamos o dia juntos na praia e demos-nos super bem. A amizade instantânea nasceu!
Decidimos fazer uma caminhada de quatro dias para chegar até à “cidade perdida”! Até hoje foi uma das aventuras mais memoráveis ​​que já tive. Durante dois dias, caminhamos pela floresta, nadamos em rios, ficamos em cabanas da selva e aproximamos-nos de Ciudad Perdida.
Durante esse mês, eu e os meus dois novos amigos viajámos juntos pelo incrível país da Colômbia e, embora moremos em diferentes partes do mundo, conseguimos ver-nos novamente (embora nem todos juntos ao mesmo tempo..ainda!)
Sei que parece um cliché, mas realmente são as pessoas que conhecemos enquanto viajamos que ficam no nosso coração. Nenhuma das minhas aventuras teria sido a mesma sem conhecer as pessoas que eu conheci.

Viajar mudou a tua vida ou mudou-te como pessoa?

Sim a 100%. Os últimos quatro anos da minha vida, desde que me mudei para o Canadá, mudaram tudo e da melhor maneira possível. A nível de crescimento pessoal, de independência e de relacionamentos. Sinto que quase todos os aspectos da minha vida mudaram.
Eu sei que viajar não é para todos e existem muitos métodos de viagem, mas para mim eu não poderia imaginar uma vida de outra forma. Acho que o mundo, fora do que conhecemos, é um lugar tão vibrante e extraordinário e não quero perder isso por nada!

Tens algumas dicas que possas partilhar com outros viajantes?

Uma dica que eu daria a qualquer viajante é fazer download da app Maps.me, um verdadeiro salva-vidas! Muito útil, pois pode ser usado offline e é muito semelhante ao Google Maps, excepto que outros viajantes adicionam as suas próprias notas e dicas sobre transporte, alimentação e pontos de interesse , muito útil! De nada 🙂

Algum conselho para outras mulheres que queiram viajar?

Eu diria que não deixe que as opiniões de outras pessoas sobre os seus planos ou destinos de viagem a deixem com medo ou preocupada, a menos que elas realmente tenham experimentado isso pessoalmente.
Se eu tivesse ouvido todas as pessoas que pensavam que os meus planos eram uma péssima ideia (incluindo a minha mãe para algumas delas), eu nunca teria ido e teria perdido algumas das melhores experiências da minha vida!

Como viajante a solo e mulher, o meu objetivo é inspirar outras mulheres e demonstrar o nosso poder pelo mundo. Partilhar experiências e aventuras.
Espero que tenham gostado de mais uma entrevista do projecto, mulheres pelo mundo!
Um muito obrigada à Rhyll por partilhar com todos nós a sua vida 🙂
E tu? tens histórias por contar?
Envia email para:
collabs@flywithjesse.com



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